Esta semana que passou, estávamos em um bate-papo rotineiro na cognominada “Boca Maldita” (na praça), onde estavam presentes alguns formadores de opinião da política alagoagrandense comentando sobre os fatos do momento. De repente, chega para compartilhar da conversa, o secretário de esporte e lazer do município, o ex-vereador Gilberto Marques da Silva, mandatário de cinco eleições consecutivas, tendo sido presidente da Câmara de Vereadores por três vezes, irmão do atual presidente do poder legislativo, Genildo Marques da Silva, e pai do vereador Gilberto Marques da Silva Júnior.
Eis que Gilberto fez uma declaração bombástica: “Dona Iêda Carneiro poderá vir a ser candidata a vice-prefeita numa chapa com o Bôda, já que está muito difícil encontrar quem queira ser vice numa futura composição com Beto do sindicato, atual vice prefeito da cidade.” E disse mais: “O governador Ricardo Coutinho vai ser candidato a Senador e vai querer unir forças para sua eleição”, concluiu. Quiçá Gilberto Marques esteja jogando para a plateia, mas nessas afirmativas, pode está embutido uma ressonância do desejo do grupo do prefeito de se aproximar do agrupamento carneirista.
Todos nós, alagoagrandenses, sabemos que muitas palavras que são proferidas por Gilberto Marques são advindas do grupo o qual faz parte, afinal ele é tido no meio político como um dos porta-vozes do grupo do prefeito Bôda. Interessante é que esse cenário remete a 2004, quando naquele instante, Alagoa Grande passava por um dos momentos mais difíceis de sua história, quando a barragem de Camará estourou, deixando a cidade praticamente arrasada. Daí nasceu a necessidade da união dos políticos em favor do município, fazendo surgir a possibilidade de união dos dois grupos políticos. Com o apadrinhamento do então governador, Cássio Cunha Lima, ficou apalavrado que Bôda seria o cabeça de chapa, enquanto o grupo carneiro indicaria o (a) vice na chapa; com o compromisso de Bôda, a vitória da suposta chapa teria por consequencia o apoio de todo o grupo Régis na reeleição do então deputado Júnior Carneiro em 2006.
Quando o eleitor, principalmente, do grupo carneirista, talvez sem entender a situação pela qual passava a cidade, tomou conhecimento do acordo, houve uma grande resistência do eleitorado e pressionaram Júnior Carneiro até que ele desistisse do acordo. A partir dai, ele lançou candidatura própria. Ao final foi uma derrota de Beto para Bôda e, em 2006, Júnior Carneiro, deixou de ser reeleito por poucos votos. Talvez se tivesse feito o acordo obtivesse o sucesso desejado.
Um fato que nos chama atenção nas declarações do secretário Gilberto Marques é que, hoje, domingo, dia 24 de maio, está estampado em diversos jornais e sites do nosso estado que o Deputado Federal Wellington Roberto e o seu filho, Deputado Estadual Caio Roberto, acabam de aderir ao governador Ricardo Coutinho. Parecem muita coincidência as afirmações do ex parlamentar Gilberto Marques. Como sabemos, o prefeito Bôda é amigo de primeira hora do deputado Wellington Roberto e aí poderá acontecer, no próximo ano, o que não concretizou em 2004 e 2006 mudando apenas de padrinho, saindo Cássio e entrando Ricardo Coutinho.
Se essa profecia do ex vereador Gilberto Marques vier a se concretizar, abrirá uma lacuna na oposição de Alagoa Grande, e então a candidatura de Sobrinho Júnior ganhará musculatura política, inclusive, com grande chance de vitória, pois irá se apresentar como o novo. Se cair na graça, poderá causar um grande rebuliço, e quem sabe, até com uma expectativa de vitória. Não se deve brincar com o sentimento do povo, essencialmente, quando se trata do eleitorado de Alagoa Grande. Em política, “já vi até boi voar”, dizia o grande senador Humberto Lucena.
José Gildo de Araújo
DRT 4580/97