domingo, 17 de maio de 2015

Político é gente que não presta? Mas você é um político

Estamos vivendo um período da história em que tudo é falado, tudo é expressado e, principalmente, tudo é divulgado em proporções nunca antes imaginada. Este sistema democrático, advindo com a Constituição Federal de 1988, garantiu liberdade a todos os brasileiros para que a exercesse como conviesse. Todavia, a mesma Constituição fala também em direito de resposta e indenizações mediante o agravo de quem se sente ofendido.
Sem querer entrar nas minúcias dos últimos discursos proferidos na mídia alagoagrandense, tenho que admitir que a mim sobreveio certa preocupação correlacionada ao respeito com os parlamentares da cidade.
Ora, é bem verdade que a cada dia que passa se torna mais visível polêmicas sobre corrupção, falta de decoro e muitos têm alegado até mesmo a desídia (preguiça) dos profissionais da política; de modo a gerar um desencanto quanto à atuação política em todo o território nacional, além de criar um senso comum entre os brasileiros, que passam a não mais refletir sobre seus direitos e obrigações como cidadãos dentro do quadro político.
Hoje são comuns as frases: “não me meto com política”, “política não me interessa”, “político é gente que não presta”, entre outras que só vêm a denegrir o verdadeiro significado de política. Pois, saibam vocês que POLÍTICA, em sentido amplo, é tudo aquilo que lida com a comunidade, é a convivência humana, é a organização da vida em coletivo, é a maneira de resolver impasses sem guerra. Logo, o que quero mostrar é que todos nós estamos envolvidos com a política. Se você está inserido na igreja, existe convivência, existe política. Se você está inserido na escola, existe convivência, existe política. Em todos os casos, existem representantes, organização e respeito.
Para tanto, quando se trata da política que envolve os representantes do Munícipio, também há organização e há de se ter respeito, pois a mesma Constituição que garante a liberdade de expressão, traz como fundamento o fato de que todo poder até emana do povo, mas esse mesmo poder é exercido por meio de representantes eleitos (pelo povo).
Os vereadores que hoje ocupam a Casa Legislativa não estão ali pelo seu bel-prazer, estão naquela posição porque o próprio povo de Alagoa Grande os elegeram. Por certo, necessitam cumprir com deveres que a eles são impostos; precisam corresponder às expectativas de toda a cidade; precisam se portar com dignidade. Quanto a nós como cidadãos alagoagrandes, necessitamos acompanhar o desenrolar dos projetos; apresentar propostas positivas para a cidade; propostas que façam desenvolver a educação, a saúde, a infraestrutura, o comércio e tantos outros setores que hoje se encontram deficitários na cidade.
Nós, cidadãos alagoagrandenses, temos que entender que existe maior impacto na atuação de um vereador e prefeito sobre nossas vidas, do que a atuação da própria Presidente Dilma Rousseff, pois é óbvio que temos maior acesso àqueles que estão compartilhando das mesmas dificuldades da cidade, do que aquela que está em Brasília enviando ordens para todo o país. Temos que entender também que o voto não é uma simples atuação de um Domingo de Outubro, mas o início de uma nova jornada de cobrança e esperança de melhoria. Cabe apontarmos os erros, as críticas, mas desde que estejamos participando veementemente, pois “os ausentes nunca têm razão”.
Esse é o tipo de cutucada não para ferir, mas para tomarmos uma postura de respeito perante o que somos e o que temos. Devemos ter orgulho de sermos alagoagrandeses! Não precisamos viver para sempre citando que aqui FOI a Terra de Jackson do Pandeiro, de Oswaldo Trigueiro, de Margarida Maria Alves, de vultos que passaram neste torrão. Temos que pensar que Alagoa Grande É a terra de cada um e, ao mesmo tempo, de todos nós. Uma Terra que respeita o seu povo e luta por ele, sem esperar que simplesmente as coisas caiam do céu, pois até chuva está difícil ultimamente.
Termino com as palavras de André Comte-Sponville quando ele cita em seu livro “Apresentação da Filosofia”: “Como não ser cúmplice do medíocre ou do pior se você não faz nada para impedi-lo? O apoliticismo é ao mesmo tempo um erro e uma culpa: é ir contra seus interesses e seus deveres”. Participemos e nos interessemos mais, claro, de forma sempre respeitosa.

José Gildo de Araújo
Jornalista DRT 4580/97

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